A Farsa da Representatividade e o Custo Humano da Política Brasileira
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"Povo é Lixo eles são o Luxo"- por isso o texto: Luxo é um Lixo. |
A Farsa da Representatividade e o Custo Humano da Política Brasileira
O atual cenário político brasileiro escancara uma verdade que muitos ainda insistem em negar: a estrutura do Estado não está voltada para o bem comum, tampouco para o trabalhador. O recente aumento do número de deputados federais, de 513 para 531, é um exemplo gritante disso. Cada novo gabinete significa um gasto aproximado de R$ 180 mil por mês, pagos com o suor do povo. Enquanto isso, o salário mínimo não alcança sequer R$ 2 mil, quando, segundo o DIEESE, o valor necessário para garantir uma vida minimamente digna seria de R$ 5.400 (cerca de 1.000 dólares).
Essa discrepância revela um padrão cognitivo recorrente na elite política: a desconexão emocional com a realidade da maioria da população. Neurocientificamente, isso se explica pela ativação do circuito da recompensa e do córtex pré-frontal dorsolateral – áreas ligadas à tomada de decisão voltada ao interesse próprio. Quando os estímulos que motivam um político se voltam quase exclusivamente para o poder e o lucro, as decisões perdem o componente empático, essencial para políticas públicas voltadas à equidade (Damásio, 2012; Goleman, 2006).
O discurso do “Estado mínimo” defendido por setores neoliberais é uma falácia hipócrita. Cortam-se direitos sociais, mas mantêm-se intocados os superprivilégios de parlamentares, juízes e grandes empresários, que se beneficiam de isenções e verbas públicas. Isso não é liberalismo. É feudalismo moderno, onde a lógica patrimonialista da política brasileira — herança direta de uma elite colonial escravocrata — se perpetua sob novos nomes, mas com a mesma essência: o povo serve, a elite acumula.
Segundo o cientista político Jessé Souza (2017), a elite brasileira sempre soube manipular o imaginário popular, mantendo a desigualdade como algo “natural” e “merecido”. A meritocracia, nesse contexto, é um gatilho mental de opressão, que empurra o trabalhador à culpa por não "ter vencido", enquanto as estruturas de poder o sabotam sistematicamente.
O contraste é evidente e revoltante: o trabalhador paga impostos altos, enfrenta transporte precário, saúde debilitada e educação sucateada, enquanto políticos aumentam seus próprios gastos sob aplausos silenciosos de seus pares. Não se trata mais de esquerda ou direita, mas de uma lógica perversa de dominação e espoliação. A política virou um balcão de negócios, onde partidos são plataformas de negociação, e o povo, uma moeda de troca.
A perpetuação dessa lógica é intencional. A manutenção do caos social gera medo e submissão — dois poderosos gatilhos mentais para o controle. Quanto mais desesperançado o povo, mais fácil é manipulá-lo com promessas vazias e discursos inflamados. A elite sabe disso e a usa com maestria.
A famosa frase do presidente João Figueiredo, “que o povo coma feno”, não é apenas um desabafo infeliz: é a síntese cruel da mentalidade de uma classe dominante que não governa para servir, mas para pilhar.
"Neurocientistas como António Damásio (2012) e autores como Jessé Souza (2017) apontam que decisões políticas sem empatia ativam áreas do cérebro voltadas ao ganho próprio, afastando qualquer senso de responsabilidade coletiva. A política, nesse molde, deixa de ser instrumento de justiça e passa a ser mecanismo de opressão, controle e enriquecimento".
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Damásio, A. (2012). O Erro de Descartes. Companhia das Letras.
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Goleman, D. (2006). Inteligência Social. Objetiva.
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Souza, J. (2017). A Elite do Atraso. Leya Brasil.
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DIEESE. (2024). Salário Mínimo Necessário. https://www.dieese.org.br
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