𝐓𝐫𝐢𝐮𝐧𝐟𝐨 𝐝𝐚 𝐌𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚 - 𝐞𝐥𝐢𝐭𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐯𝐞𝐧𝐢𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
Ontem assisti ao filme Harriet – O Caminho para a Liberdade. No início, confesso que não esperava muito, mas, conforme a trama avançava, percebi que se tratava de uma obra de grande qualidade, com forte impacto social e profundo valor histórico. O filme não apenas denuncia a escravidão afro-americana no Sul dos Estados Unidos, mas também nos convida a refletir sobre a herança escravocrata que marca até hoje sociedades como a norte-americana e, sobretudo, a brasileira.
A escravidão deixou feridas abertas que atravessam séculos. Mesmo após a abolição, ainda vivemos os reflexos de uma sociedade excludente e racista, que insiste em reproduzir desigualdades. Basta lembrar a dimensão genocida da escravidão negra nas Américas, muito maior, em números, que o massacre promovido pelo nazismo contra o povo judeu. As senzalas e fazendas de monocultura foram verdadeiros campos de concentração: espaços de tortura, castigos, estupros, violências físicas, psicológicas e emocionais indescritíveis.

O filme é contundente ao expor o que Harriet chamava de “o
monstro da escravidão”. No Brasil, esse monstro perdurou por mais de 350 anos.
Após a abolição, a elite branca tratou de apagar os rastros de sua crueldade,
manipular os registros históricos e criminalizar a população negra. O mesmo
movimento ocorreu em outros países. A pergunta que fica é: quantos anos
durou a escravidão no Brasil e há quanto tempo, de fato, ela foi abolida? Será
que tivemos tempo suficiente para reparar tamanha violência histórica?
Termino este relato com indignação, mas também com um
convite à reflexão: vivemos, de fato, em um planeta libertário ou seguimos em
um sistema que ainda segrega por cor, gênero, condição socioeconômica ou
aparência? Até que ponto podemos confiar em instituições — políticas,
econômicas, sociais e religiosas — que manipulam informações e produzem
narrativas convenientes às elites?
A resposta, cada um deve buscar em sua consciência.






Comentários
Postar um comentário