Raul Seixas: O Gênio que Cantou a Liberdade e Viveu Suas Dores em Silêncio
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| Poesia de Cordel (por Ricardo Nabuco)- Raulzito: Rock com Baião!!! |
Entre o mito do maluco beleza e o homem frágil que errou, sofreu e nos deixou cedo demais.
“Não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida.” (Raul Seixas)
Introdução: A Eterna Voz do Rock Brasileiro
Raul Seixas não foi apenas um cantor, compositor ou figura polêmica. Foi — e continua sendo — um símbolo da música nacional, um poeta do absurdo cotidiano, um provocador de consciências. Conhecido como o pai do rock brasileiro, Raul desafiou as estruturas, rompeu com padrões, e criou um universo sonoro onde filosofia, crítica social e loucura andavam de mãos dadas.
Mas o que muitas vezes se esquece é que, por trás do ícone, existia um homem comum, frágil, apaixonado e adoecido, que viveu intensamente, amou profundamente, errou gravemente — e nos deixou cedo demais.
O Artista Visionário
Nascido em Salvador, em 28 de junho de 1945, Raulzito cresceu fascinado pelo rock americano, mas logo incorporou à sua música a alma brasileira. Misturou baião, samba, forró, esoterismo, misticismo e filosofia em letras que desafiavam o sistema e os costumes.
Obras como "Gita", "Ouro de Tolo", "Maluco Beleza" e "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" são verdadeiras epígrafes do inconformismo. Raul usava a música como arma, como prece e como grito. Um espírito livre que incomodava e encantava.
Entre o Gênio e o Homem: As Feridas por Trás do Mito
Raul teve três filhas, diversos amores e uma vida marcada por excesso. Enfrentou uma dura batalha contra o alcoolismo, o uso de cocaína e outras substâncias que, ao longo do tempo, cobraram seu preço. Sua saúde foi minada por doenças sérias: diabetes, pancreatite aguda e câncer no pâncreas.
Por trás das câmeras e dos palcos, havia um homem sofrido, muitas vezes solitário, desamparado, lutando com seus próprios abismos emocionais.
Nos anos finais, foi praticamente esquecido pela indústria fonográfica, enfrentou o abandono de parte do público e viveu com parcos recursos. Mesmo assim, nunca deixou de fazer arte. Com o apoio do amigo Marcelo Nova, vocalista do Camisa de Vênus, gravou seu último e corajoso álbum: "A Panela do Diabo", lançado em 1989 — um verdadeiro testamento musical.
"Eu Sou Raul Seixas": A Série que Revela o Ser Humano por Trás da Lenda
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| Pai do Rock Nacional |
A produção não busca endeusar. Ela mostra, com sensibilidade, que Raul chorou, se perdeu, precisou de ajuda — e que, muitas vezes, foi negligenciado por todos. Essa visão crua e verdadeira só fez aumentar minha admiração. Mais do que o roqueiro transgressor, Raul era um homem real, com medos, angústias e uma busca insaciável por sentido.
A Morte Prematura e o Legado Imortal
Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 43 anos. Morreu sozinho em seu apartamento, pobre, doente e marginalizado. Mas sua morte física não foi o fim.
Sua música continua viva, pulsante. Seus ideais, suas letras, suas provocações seguem dialogando com novas gerações. Ainda hoje, nos shows de artistas diversos, ouve-se um grito coletivo: “Toca Raul!” — um símbolo de resistência, saudade e reconhecimento.
Conclusão:
Raul Foi Humano. Por Isso, Foi Imenso. Raul Seixas foi, na minha visão, o maior músico brasileiro de todos os tempos. Não apenas pela genialidade musical, mas por ter tido a coragem de ser imperfeito, de se mostrar por inteiro, com suas dores, vícios, erros e sonhos.
Raul não quis ser um deus. Foi um homem — e justamente por isso, foi eterno. Sua arte é espelho e farol. Sua vida, um grito de liberdade. Sua fragilidade, um lembrete de que até os gigantes choram.
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” (Raul Seixas)




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